O último episódio do Betoneira recebeu Romullo Baratto, Victor Delaqua e Susanna Moreira, editores do ArchDaily Brasil, que falaram sobre a trajetória do site e sobre a comunicação da arquitetura. Para os três, o desafio é cobrir os acontecimentos e pautas urgentes da arquitetura no tempo digital, e não o da revista impressa. Estar sintonizado com o tempo veloz dos acontecimentos é importante; nos últimos doze anos, desde a criação do site em português, as mudanças nos meios digitais influenciaram o modo de pesquisar e publicar a arquitetura, além do próprio modo de vida e de consumo das pessoas.
Susanna Moreira falou sobre como as redes sociais também são uma das possibilidades para encontrar novos projetos e profissionais. O imediatismo da notícia é desafiador, mas também há o lado da pesquisa e da descoberta de projetos que não têm lugar nas revistas impressas. Dar espaço para novos nomes e propostas é um dos objetivos do ArchDaily no Brasil.
Nos orgulhamos muito da democratização que o ArchDaily promove.
A conversa também abordou os projetos que saíram no ArchDaily em primeira mão e receberam importantes prêmios, além das matérias que têm o objetivo de democratizar a arquitetura. Victor Delaqua citou a casa projetada pelo escritório Terra e Tuma, na Vila Matilde, um caso em que foi possível mostrar que a arquitetura não é só para ricos e privilegiados. Ela pode trazer boas soluções para todos.
Tivemos muitas respostas e muita interação quando perguntamos porque a arquitetura é uma profissão tão ingrata; percebemos que as pessoas querem desabafar.
Como explicou Romullo Baratto, a estrutura do ArchDaily é rizomática e a equipe de editores do Brasil, composta ainda por Eduardo Souza, se comunica com profissionais de outros países como EUA, Alemanha, Índia e Líbano, entre outros.
Na seleção de projetos de países com língua portuguesa, o maior volume é justamente do Brasil.
Susanna ressaltou que as equipes de projeto procuram discutir as decisões coletivamente, e levar em conta as diferenças de contexto em cada país. Há regiões, por exemplo, em que há limitações no orçamento para contratar um fotógrafo para documentar o projeto. Romullo disse que, a depender do caso, eles publicam mesmo assim. Isso porque apesar das imagens não estarem tão vistosas e profissionais, a intenção projetual é revelante e merece espaço.
Diversidade na arquitetura também foi tópico da conversa. Segundo Victor Delaqua, “temos muito empenho em ir atrás de debates sobre diversidade na arquitetura. Há traços que são opressores e há espaço para discutir, por exemplo, a relação entre os materiais e os gêneros”. Romullo também falou sobre a importância de trazer pessoas LGBTQIA+ e negras para falaram sobre o que eles quiserem dentro da arquitetura, e não só sobre pautas identitárias.
As redes sociais também respondem a um protocolo internacional, embora o ArchDaily Brasil queira dar espaço para projetos de países de língua portuguesa e do Brasil. A cobertura das Bienais de Arquitetura, inteligência artificial e o comportamento do público nas várias redes sociais do ArchDaily - Instagram, LinkedIn e Pinterest - também foram assuntos da conversa.
A equipe do ArchDaily Brasil é composta também por Adele Belitardo, Camilla Ghisleni, Diogo Simões, Helena Tourinho, Julia Daudén, Rafaella Bisineli e Walter Gagliardi.